A Vida Psíquica no Contexto da Pós-Modernidade:
Enodamentos Produzidos pelo Capitalismo Tardio e pelos Manuais de Classificação Diagnóstica
Palabras clave:
Vida psíquica; Sofrimento psíquico; Capitalismo tardio; Manuais de classificação diagnóstica; Pós-modernidade.Resumen
Este ensaio teórico traça um percurso crítico em torno da psiquiatria e do capitalismo tardio no século XX e início do século XXI, objetivando questionar se há um dispositivo implantado pelo capitalismo dentro do discurso psiquiátrico que denuncia – ou nos faz pensar – a existência de um projeto neoliberal no campo da saúde mental, com vistas ao lucro, ou se o lugar desse dispositivo é vazio e mero fruto de uma coincidência. Para esse propósito, resgatamos brevemente o histórico das edições do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), incluindo o seu rompimento com a fundamentação teórica da Psicanálise para, em seguida, se tornar um manual ateórico e descritivo, e seu crescente aumento de catalogação de entidades nosológicas. Defendemos, a partir dessa dimensão histórica, que há uma possível articulação dessas crescentes edições do DSM com o advento simultâneo do capitalismo tardio e/ou neoliberalismo. Para erigir um exame crítico dessa conjuntura, embasamo-nos em autores que nos auxiliaram a pensar esses processos, tais como Jacques-Alain Miller, Jean-Claude Milner, Christian Dunker, Elizabeth Roudinesco, Jonathan Crary e Bruce Fink. Ao final desse ensaio, optamos em permanecer com a indagação inicial em aberta, com o propósito de que o próprio leitor atribua o sentido que for mais coerente com as discussões alçadas aqui.