Desvendando a consciência autista:
Uma perspectiva fenomenológica sobre percepção, memória e a mente bergsoniana
Keywords:
Autismo, Filosofia Bergsoniana, Estereotipias Motoras, Fenomenologia e Esquema CognitivoAbstract
Este artigo explora os mecanismos subjacentes aos distúrbios motores e de linguagem no autismo, empregando uma crítica proposicional baseada no referencial filosófico de Henri Bergson. Com base na aplicação da filosofia bergsoniana por Eugène Minkowski, este estudo reexamina pressupostos teóricos na pesquisa psiquiátrica, com foco particular na esquizofrenia e seus paralelos com o autismo. No campo dos estudos fenomenológicos, esta investigação é pioneira na aplicação da análise bergsoniana ao autismo, dissecando comportamentos não sociais como estereotipias, ecolalia e memória excepcional. Mais especificamente, com base nestas proposições, desafiamos a suposição predominante de uma dicotomia entre estados físicos e subjetivos que sustenta a investigação do autismo em psiquiatria e psicologia cognitiva. Pelo contrário, propomos que o autismo significa uma alteração abrangente na experiência existencial, em vez de uma coleção de sintomas isolados. Portanto, estabelecendo como ideia fundamental a existência de um desequilíbrio entre percepção e memória, consideramos que os “estereótipos” de fala e motores, mais do que meros atos repetitivos e involuntários, fazem parte do esforço criativo do sujeito para integrar a experiência de si. No que diz respeito à concepção de cognição, defendemos um modelo cognitivo mais amplo no autismo que integre a função cerebral com esquemas motores e interações ambientais. Na verdade, ao examinar o problema nas suas dimensões histórica, filosófica e cognitiva, a nossa análise esforça-se por enriquecer os diálogos sobre a fenomenologia patológica e a consciência, ao mesmo tempo que avalia criticamente as interpretações modernas do autismo que enfatizam excessivamente a causalidade orgânica. Em última análise, questionamos a visão reducionista que atribui os comportamentos autistas apenas a causas orgânicas e prioriza os déficits de interação social.