Entre Atividade e Temporalidade:

vivências de professoras do ensino superior no retorno ao trabalho presencial durante a pandemia de COVID-19

Autores

Palavras-chave:

Gênero, Trabalho docente, Tempo, Atividade

Resumo

O tempo é gerido de maneira diferente por mulheres e homens, decorrência da divisão sexual do trabalho que hierarquiza o trabalho produtivo e o reprodutivo. A pandemia de COVID-19, ao impor isolamento social e fechamento de instituições de ensino superior, intensificou tais desigualdades, sobretudo na docência. Este estudo analisou a relação entre atividade e vivência de temporalidade de professoras universitárias no retorno ao trabalho presencial. A partir da Clínica da Atividade e da Teoria Histórico-Cultural, considera-se a atividade não apenas como o conjunto de ações observáveis, mas como intenções e possibilidades não efetivadas. A vivência é entendida como uma experiência de padecimento, atravessada por afetos, emoções e contexto social. Foram realizadas entrevistas com oito professoras de uma universidade pública, utilizando-se um calendário como mediador, no qual elas representaram suas atividades diárias e semanais. O retorno às aulas presenciais após o isolamento social gerou estranhamento, insegurança e dificuldade de adaptação. A necessidade de reconstruir a dinâmica docente afetou vínculos, afetos e a percepção de produtividade. A tentativa de manter o ritmo do período remoto intensificou a sobrecarga. A lógica produtivista reforçou a exaustão mental e física. O trabalho reprodutivo permaneceu invisibilizado, recaindo sobre as professoras, que conciliavam tarefas domésticas, cuidados familiares e demandas acadêmicas. Contratações de outras mulheres ou guarda compartilhada aliviaram alguns encargos, possibilitando momentos de autocuidado. O acesso ao ócio seguiu desigual. Estudos futuros podem comparar diferentes contextos institucionais e áreas do conhecimento acerca da gestão do tempo e das dinâmicas de trabalho reprodutivo e produtivo.

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Biografia do Autor

Marinara Nobre Paiva, Centro Universitário INTA.

Mestra em Psicologia e Políticas Públicas e Professora no Centro Universitário INTA. E-mail: marinaranobre@alu.ufc.br ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4084-5289

Francisco Pablo Huascar Aragão Pinheiro, Universidade Federal do Ceará

Doutor em Educação e Professor na Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral. E-mail: pablo.pinheiro@ufc.br ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9289-845X

Beatriz Teixeira Silva, Universidade Federal do Ceará

Graduanda em Psicologia na Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral. E-mail: beatrizteiixeira@alu.ufc.br ORCID: https://orcid.org/0009-0002-5886-2319

 

Lorena Albuquerque Mendes, Universidade Federal do Ceará

Graduanda em Psicologia na Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral. E-mail: lorenamendes@alu.ufc.br ORCID: https://orcid.org/0009-0005-3262-0372

Luciana Fontenele de Sena, Universidade Federal do Ceará

Graduada em Psicologia na Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral. E-mail: lucianafontenele@alu.ufc.br ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3799-6548

Marília Pereira Fernandes, Universidade Federal do Ceará

Graduanda em Psicologia na Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral. E-mail: mariliapereira487@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0003-9163-9159

Natália Santos Marques, Universidade Federal do Ceará

Doutora em Psicologia Experimental e Professora na Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral. E-mail: nataliamarques@ufc.br ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4994-3811

 

Lorena Brito da Silva, Centro Universitário Christus

Doutora em Psicologia e Professora no Centro Universitário Christus. E-mail: lorena.nessin@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1651-9424

Francisco Ferreira Alves Filho, Universidade Federal do Ceará

Graduando em Psicologia na Universidade Federal do Ceará – Campus Sobral. E-mail: franciscoferreiraalvesfilho@alu.ufc.br ORCID: https://orcid.org/0009-0009-6571-3988

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Publicado

2025-01-02