O ENSINO DO GÊNERO BIOGRAFIA PARA SURDOS ATRAVÉS DO LIVRO DIDÁTICO EM UMA ESCOLA INCLUSIVA: É POSSÍVEL?

Autores

  • Ana Clara Benevides UESB
  • Mariana Barreto Santos UESB
  • Christian Pinheiro Porto Placha UESB
  • Ester Maria Figueiredo Souza UESB e GPLED/CNPq

Palavras-chave:

Biografia; Livro didático; Pibid; Surdez

Resumo

Este artigo deriva das reflexões no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) numa sala de recursos multifuncionais (SRM) para Atendimento Educacional Especializado (AEE) aos indivíduos surdos de uma escola regular inclusiva da rede estadual de ensino de Vitória da Conquista – BA. Tendo em vista que a compreensão da história da educação de surdos no Brasil e as discussões fomentadas em torno desse tema são relativamente recentes, pretende-se neste trabalho: 1) analisar o material disposto no livro didático (LD) de Abaurre, Abaurre e Pontara (2008), adotado pela escola que constitui nosso campo de pesquisa para o trabalho com o gênero discursivo “biografia” dirigido aos alunos surdos e ouvintes na sala regular de ensino; 2) avaliar a eficácia deste objeto de estudo no que diz respeito à aprendizagem pelo surdo do gênero em questão. Para tanto, afora as observações em sala de aula e a realização de entrevistas com os sujeitos atuantes na escola, destaca-se a fundamentação da pesquisa em Chauí (1984), Gesueli (2004), Goldfeld (2002), Karnopp & Pereira (2004) e Nunes et al (2015). Do cotejamento entre as metodologias de ensino adotadas na sala regular e na sala multifuncional, bem como da análise crítica do capítulo do LD para a didatização do gênero discursivo biografia, constatamos que o material analisado representa um suporte produtivo para o trabalho com o gênero com alunos ouvintes, contudo tratando-se de surdos, não há como realizar um trabalho efetivo em favor de uma política educacional e linguística adequada, sem se propositar adaptações necessárias que levem em consideração o ensino da Língua Portuguesa como L2.

Biografia do Autor

Ana Clara Benevides, UESB

Graduanda do VI Semestre de Letras Vernáculas - Português e respectivas Literaturas, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Participa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), desenvolvendo pesquisa na área de educação de surdos.

Mariana Barreto Santos, UESB

Cursa Letras Vernáculas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 

Christian Pinheiro Porto Placha, UESB

Possui Mestrado em Letras. Graduação em Letras Vernáculas e em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Especialização em Educação Especial e em LIBRAS. Atualmente professora do Colégio Estadual Abdias Menezes. Experiência na área de Educação, com ênfase em Educação de Surdos. Ministra aulas em LIBRAS para surdos, aulas de LIBRAS para surdos e ouvintes e aulas de Língua Portuguesa como segunda língua para Surdos.

Ester Maria Figueiredo Souza, UESB e GPLED/CNPq

Possui graduação em Letras Vernáculas pela UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (1985), mestrado e doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (1996/2003). Pos doutorado em Linguística pela Universidade de Brasília. Professor Pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, da Licenciatura em Letras e do Programa de Pós-graduaçao em Letras: Cultura, Educação e Linguagens, e do Programa de Pós-graduação em Educação. Atua na área de Educação e Linguagem, no âmbito de estudos bakhtinianos, dialogia e ensino, gêneros discursivos, educação linguística, letramento, ensino e aprendizagem de língua portuguesa, currículo e formação docente. É líder do Grupo de Pesquisa Linguagem e Educação - GPLEd/CNPQ/UESB. Coordenador do projeto PIBID Letras Vernáculas da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.Possui experiência em coordenação acadêmica de Programas de Pós-graduação e em Comitês técnicos de assessoramento nas áreas de Ciências Humanas, Educação, Letras, Linguística.

Referências

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Publicado

2018-08-30