QUANDO A FICÇÃO (DES)ENTERRA MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS: A (RE)ESCRITA DA HISTÓRIA DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA EM K. RELATO DE UMA BUSCA, DE BERNARDO KUCINSKI

WHEN FICTION (UN)BURIES UNDERGROUND MEMORIES: THE (RE)WRITING OF THE HISTORY OF THE BRAZILIAN MILITARY DICTATORSHIP IN BERNARDO KUCINSKI’S K. RELATO DE UMA BUSCA

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.29281/rd.v13i27.17226

Mots-clés :

Bernardo Kucinski; Ditadura Militar; Ficção; História; K. relato de uma busca.

Résumé

Analisamos, neste artigo, como a obra K. relato de uma busca (2016), de Bernardo Kucinski, traz à luz memórias subterrâneas ligadas à ditadura militar ocorrida no Brasil (1964-1985), promovendo rupturas com o discurso histórico oficial que invisibiliza a narrativa dos vencidos. O romance tem como ponto central a busca desenfreada de um pai por sua filha, uma desaparecida política no contexto da ditadura. Tal experiência individual pode transfigurar-se em coletiva e servir como reflexão acerca das sequelas deixadas em quem ficou com feridas não cicatrizadas após o fim do regime. Metodologicamente, desenvolvemos uma pesquisa de abordagem qualitativa e do tipo bibliográfica, baseando-nos principalmente em Pollak (1989) para tratar sobre memórias subterrâneas, além de Aínsa (1993), Reis (2010) e Burke (1992) no que se refere às discussões acerca da relação entre ficção e história e sobre a nova história e Fernandes (2017), no que concerne à ficcionalização da ditadura militar na cena literária nacional. Manifestações artísticas como a de Kucinski podem servir como provocação à noção de que a ficção pode preencher simbolicamente lacunas deixadas pela história e levantar novas possibilidades de se olhar para o discurso histórico como uma construção plurissignificativa.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur

Tayane Fernandes dos Santos, Universidade Estadual do Piauí

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual do Piauí (PPGL/UESPI). Graduada em Letras Licenciatura em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Bolsista/CAPES.

Maria Suely de Oliveira Lopes, Universidade Estadual do Piauí

Possui Graduação em Letras- Português pela Universidade Estadual do Piauí (1991), mestrado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (2002) e Doutorado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco  (2013).  Atualmente, está vinculada ao Programa de Pós-graduação de Letras da Universidade Estadual do Piauí-PPGLETRAS/UESPI. Professora Associada Nível II da Universidade Estadual do Piauí . Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária. Desenvolveu Estágio Pós-Doutoral em Metaficção Historiográfica e Estudos de Gênero na Universidade Federal do Piauí-UFPI- com Estância Investigativa na qualidade de Professora Investigadora Visitante da Universidade de Buenos Aires-UBA.(Março,2018 a março,2019).É Bolsista produtividade do CNPQ .É Lider do Grupo de Estudos Metaficionais em Narrativas Literárias( GEMETAFIC), é vice-lider do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Literatura (INTERLIT) ,é membro do NUHEIS, e filiada a ADHILAC.

Références

AÍNSA, Fernando. La invención literaria y la reconstruccion histórica. In: América: Cahiers du CRICCAL. n. 12, p. 11-26, 1993.

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Ana Maria Valente. 3. ed. Lisboa: Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.

BURKE, Peter. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992, p. 7 – 37.

A LIBERTAÇÃO DE KUCINSKI. Entrevista com B. Kucinski, que estreou na literatura após os 70 anos com o romance K. Rascunho: o jornal da literatura do Brasil. (Seção entrevistas). Publicado por Rogério Pereira. Campo Largo, Paraná, 2014. Disponível em: https://rascunho.com.br/entrevista/a-libertacao-de-kucinski/. Acesso em: 10 jun, 2024.

FERNANDES, Fabrício. As estratégias discursivas de perpetradores reflexões sobre a ditadura militar brasileira. In: ContraCorrente: Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, [S.l.], n. 2, p. 23-42, 2017. Disponível em: https://periodicos.uea.edu.br/index.php/contracorrente/article/view/467. Acesso em: 10 jun. 2024.

FIGUEIREDO, Eurídice. A literatura como arquivo da ditadura brasileira. Rio de Janeiro: 7Letras, 2017.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar Escrever Esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Tradução de Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991, p. 141- 162.

ISER, Wolfgang. Os atos de fingir ou o que é fictício no texto ficcional. In: COSTA LIMA, Luiz (org.). Teoria da literatura e suas fontes. Tradução de Heidrun Krieger Olinto e Luiz Costa Lima. v. 2. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, p. 956 – 985.

KUCINSKI, Bernardo. K. relato de uma busca. São Paulo, Companhia das Letras, 2016.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos históricos, Rio de Janeiro, v.1, n.2, p. 3-15, 1989.

REIS, José Carlos. O desafio historiográfico. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

Publiée

2025-12-11

Comment citer

FERNANDES DOS SANTOS, T.; DE OLIVEIRA LOPES, M. S. . QUANDO A FICÇÃO (DES)ENTERRA MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS: A (RE)ESCRITA DA HISTÓRIA DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA EM K. RELATO DE UMA BUSCA, DE BERNARDO KUCINSKI: WHEN FICTION (UN)BURIES UNDERGROUND MEMORIES: THE (RE)WRITING OF THE HISTORY OF THE BRAZILIAN MILITARY DICTATORSHIP IN BERNARDO KUCINSKI’S K. RELATO DE UMA BUSCA. Revista Decifrar, Manaus, v. 13, n. 27, p. e272507, 2025. DOI: 10.29281/rd.v13i27.17226. Disponível em: //periodicos.ufam.edu.br/index.php/Decifrar/article/view/17226. Acesso em: 13 déc. 2025.