PAUVRES, INTELLECTUELS ET CONSCIENCE POSSIBLE
LE DÉBUT D'UNE RELATION ÉPISTÉMOLOGIQUE COMPLEXE
DOI :
https://doi.org/10.29281/rd.v13i27.17216Mots-clés :
Pobreza, intelectuais, Euclides da Cunha, João do Rio, compassividadeRésumé
O texto busca discutir os primórdios da relação epistémica na sociedade de classes capitalista brasileira entre o intelectual compassivo e o sujeito pobre pelo qual aquele se interessa. Nisto, parte-se da contextualização do que se denomina como “pobre” na sociedade de classes a fim de verificar a influência que uma elite intelectual e/ou econômica exerceu nas alterações pelas quais o termo passou. Argumenta-se que há um fundo epistêmico estável que subjaz todas as ressignificações infligidas ao pobre por essa elite. Isto é, alega-se que há uma sistêmica e velada continuidade (que se quer superada) dos parâmetros com os quais os pobres são interpretados e tematizados por essa elite intelectual e/ou econômica. Enquanto recurso analítico dessa proposição, busca-se principalmente nas obras de Euclides da Cunha e João do Rio índices que possibilitam uma leitura mais ampla (do pobre interiorano, por Cunha, e do pobre citadino, por João do Rio) da tendência hegemônica da relação que o intelectual tem com o sujeito pobre. Subsequentemente, destaca-se que ainda que haja compassividade por parte dos intelectuais que se relacionam positivamente com o pobre, há também uma “consciência possível” que, a despeito da boa vontade daquele, emperra tais movimentos e os acorrenta à episteme hegemônica que rege toda a questão. Assim, é sobre essa complexa relação entre o intelectual compassivo e o pobre que se tensiona levantar algumas considerações.
Téléchargements
Références
ALMEIDA, Ivete Batista da Silva. A opinião pública e o governo brasileiro diante da questão das secas do nordeste na primeira metade do século XX. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 12, p. 80223–80239, 2022. DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv8n12-227.
ANTELO, Raúl. João do Rio = Salomé. In: CANDIDO, A., et al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992, p. 153-164.
ARÊAS, Vilma. No espelho do palco. In: SCHWARZ, R. (org.). Os pobres na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 26-30.
BERNUCCI, Leopoldo M. A imitação dos sentidos: prógonos, contemporâneos e epígonos de Euclides da Cunha. São Paulo: Editora da universidade de São Paulo, 1995.
BOLLE, Willi. grandesertão.br. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2004.
BOLTANSKI, Luc. Sociologia da crítica, instituições e o novo modo de dominação gestionária. Tradução de Philippe Dietman. Sociologia & Antropologia, v. 3, n. 6, p. 441-463, 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/2238-38752013v364.
BRANDILEONE, Ana Paula F. Nobile. O romance-reportagem: implicações estéticas e ideológicas. Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários, v. 19, p. 17-25, 2010. DOI: https://doi.org/10.5433/1678-2054.2010v19p17.
BRITO, João Fernando Barreto de. Entre leis, censos e congressos: o debate sobre o trabalho livre no Brasil, na segunda metade do século XIX. Cadernos de História, v. 18, n. 29, p. 429-459, 2017. DOI: https://doi.org/10.5752/P.2237-8871.2017v18n29p429.
CANDIDO, Antonio. A vida ao rés-do-chão. In: CANDIDO, A., et al. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992, p. 13-22.
CARDOSO, Fernando Henrique. Pensadores que inventaram o Brasil. São Paulo: Companhia das letras, 2013.
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das letras, 1987.
CHALOUB, Jorge; LIMA, Pedro Luiz. Interpretações do Brasil contemporâneo. Mediações: revista de ciências sociais, Londrina, vol. 23, n. 2, p. 14-39, 2018. DOI: https://doi.org/10.5433/2176-6665.2018v23n2p14.
CHALOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. São Paulo: Companhia das letras, 1996.
CUNHA, Euclides. À margem da história. Porto: Editora Lello Brasileira, 1967.
CUNHA, Euclides. Os sertões. Inglaterra: Mogul classics, 2015. Disponível em: https://archive.org/details/ossertoeseuclide0000dacu. Acesso em: 20 nov. 2024.
DOMINGUES, Chirley; JULIANO, Dilma Beatriz Rocha. Trilogia da miséria. A literatura de João do Rio e o Brasil de hoje. Revista Brasileira de Literatura Comparada, vol. 25, n. 48, p. 52-64, 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/2596-304x20232548cddj.
FILHO, Alfredo Pereira de Queiroz. Sobre as origens da favela. Revista de Geografia da UFC, v. 10, n. 23, p. 33-48, 2011.
GALVÃO, Walnice Nogueira. Uma ausência. In: SCHWARZ, R. (org.). Os pobres na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 51-53.
GOLDMANN, Lucien. Las ciencias humans y la filosofía. Buenos Aeires: Nueva vision, 1972.
GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Tradução de Inês Martins Ferreira. Revista crítica de ciências sociais, n. 80, p. 115-147, 2008. DOI: https://doi.org/10.4000/rccs.697.
HARDMAN, Francisco Foot. Palavra de ouro, cidade de palha. In: SCHWARZ, R. (org.). Os pobres na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 79-87.
HELAYEL, Karim; MALCHER, Beatriz; TRESOLDI, Maria Caroline Marmerolli. Interpretações do Brasil e dilemas contemporâneos. Tematicas, Campinas, vol. 29, n. 57, p. 9-37, 2021. DOI: https://doi.org/10.20396/tematicas.v29i57.15652,
HIMMELFARB, Gertrude. The idea of poverty: England in the early industrial age. Nova Iorque: Knopf, 1984.
JOHNSON, Adriana Michéle Campos. Sentencing Canudos: subalternity in the blacklands of Brazil. Pittsburgh: University of Pittsburgh press, 2010.
LESSA, Renato. Da interpretação à ciência: por uma história filosófica do conhecimento político no Brasil. Lua nova, São Paulo, n. 82, p. 17-60, 2011.
MARX, Karl. The eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte. Beijing: Foreign Languages Press, 1978.
MOURA, Clóvis. O negro: de bom escravo a mau cidadão? São Paulo: Conquista, 1977.
MOURA, Clóvis. História do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1992.
NEEDELL, Jeffery D. Rio de Janeiro at the turn of century: modernization and the Parisian ideal. Journal of interamerican studies and world affairs, vol. 25, n. 1, p. 83-103, 1983.
NEVES, Frederico de Castro. Curral dos bárbaros: os campos de concentração no Ceará (1915 e 1932). Revista brasileira de história, v. 15, n. 29, p. 93-122, 1995. Disponível em: https://www.anpuh.org/revistabrasileira/view?ID_REVISTA_BRASILEIRA=14. Acesso em: 20 nov. 2024.
ORTEGA Y GASSET, José. Ideas y creencias, y outros ensayos de filosofia. Madri: Revista de occidente, 1959.
OSMO, Alan. A literatura diante de massacres cometidos pelo Estado brasileiro: aproximações entre Euclides da Cunha e Racionais MC’s. Tematicas, Campinas, vol. 29, n. 57, p. 149-182, 2021. DOI: https://doi.org/10.20396/tematicas.v29i57.13861.
PRADO, Antonio Arnoni. Mutilados da Belle-époque: notas sobre as reportagens de João do Rio. In: SCHWARZ, R. (org.). Os pobres na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 68-72.
RIO, João do. Vida vertiginosa. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1911.
RIO, João do. A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Coleção Biblioteca Carioca, 1995.
RIO, João do. Cinematógrafo (crônicas cariocas). Rio de Janeiro: ABL, 2009.
RIO, João do. No tempo de Wenceslau... Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2015.
SALDANHA, Fabio Pomponio. Etapismo e conciliação: notas sobre a exclusão da diferença (e do dissenso) em Antonio Candido. Revista APG, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 39-70, jul.-dez., 2022. DOI: https://doi.org/10.23925/2764-8389.2022v2i1p39-70.
SANTOS, Joel Rufino dos. Épuras do social: como podem os intelectuais trabalhar para os pobres. São Paulo: Global, 2004.
SILVA, Daniel. Casa e(quivale a) rua: comportamentos público e privados na Belle époque tropical de João do Rio. Hispania, vol. 95, n. 4, p. 596-608, 2012.
SILVA, Douglas Vinícius Souza. “O racismo no Brasil é velado”: o discurso da miscigenação e a ocultação do óbvio. Tematicas, Campinas, vol. 29, n. 57, p. 117-148, 2021. DOI: https://doi.org/10.20396/tematicas.v29i57.13823.
SIQUEIRA, Denise da Costa Oliveira. João do Rio, Repórter da Pobreza na Cidade. Em Questão, Porto Alegre, vol. 10, n. 1, p. 81-93, 2004.
SOUZA, Laura de Mello. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
TRILLING, Lionel. Sinceridade e autenticidade: a vida em sociedade e a afirmação do eu. São Paulo: É Realizações Editora, 2014.
VALLADARES, Lícia. Cem anos pensando a pobreza (urbana) no Brasil. In: BOSCHI, R. R. (org.). Corporativismo e desigualdade: a construção do espaço público do Brasil. Rio de Janeiro: Rio Fundo Editora; IUPERJ, 1991, p. 81-112.
VALLE, Luisa. The beehive, the favela, the castle, and the ministry: race and modern architecture in Rio de Janeiro, 1881 to 1945. 434 p. Tese – The City University of New York, Nova Iorque, 2022.
VENTURA, Roberto. Canudos como cidade iletrada: Euclides da Cunha na urbs monstruosa. Revista de antropologia, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 165-182, 1997. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-77011997000100006.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Felipe Chaves Gonçalves Pinto 2025

Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Todos os artigos desta revista obedecem a licença Creative Commons - Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).