A SEREIA SUCUMBE AO NAVEGANTE: O MITO RESIDUALMENTE SUBVERTIDO EM UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES, DE CLARICE LISPECTOR
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v7i14.6978Resumo
O presente artigo objetiva incursionar pelo romance Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector, a fim de investigar a mitologia presente na obra, a partir das personagens centrais, Ulisses e Loreley. Para nós, a romancista lança mão de mitos presentes na cultura ocidental para compor as personagens e a trama que as envolve em uma relação de sedução. O que embasa nossa análise são os pressupostos da Teoria da Residualidade (PONTES, s/d), segundo a qual em toda literatura há sempre resíduos de outras épocas e outras manifestações culturais, que são retomadas sob novas roupagens, porém, mantendo a essência daquelas primeiras. No entanto, além de a autora trazer de volta referências ao imaginário de tais mitos, como endossa Frédéric Grieco (2018), ela os submete a um tratamento de reordenação de personagens e significados, procedendo a uma subversão da mitologia original. Desta maneira, em Clarice Lispector, a sereia não entoa e convida o navegante ao mergulho na morte; pelo contrário, Ulisses é quem seduz e convida a sereia ao mergulho metaforicamente fatal, dentro de si mesma.
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