A FRATURA DA MEMÓRIA: INFÂNCIA E VIOLÊNCIA NA PARÓDIA DO DISCURSO LÍRICO EM INFÂNCIA EM FRANJAS, DE ASTRID CABRAL
Resumo
RESUMO: Astrid Cabral escreve nas primeiras páginas de Infância em franjas (2014): “A infância não passou de todo. Recolheu-se a um armário de lembranças-fantasmas, de onde às vezes escapam e me visitam”. As franjas-poemas saltam pelas páginas do livro com poder e violência desde os primeiros versos, que retomam e subvertem as palavras de Casimiro de Abreu, quando ela ergue a voz e declara não ter saudades da infância, mas, ainda, que deseja “Enfrentar a lei dos grandes / e encarar o fogo do inferno / como conversa de espertos”. “Cabeça de menina” está longe de escolher um ludismo inocente e delicado: os sapos não são príncipes como nos contos de fadas; ao contrário, pedras e lascas cortantes, rasgando um espaço pelo qual podem vazar fantasmas. Assim, o discurso lírico de Astrid Cabral volta-se à tradição lírica brasileira, a fim de inverter ironicamente seus valores. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar a paródia (HUTCHEON, 1985) que Astrid Cabral executa sobre a memória literária e desdobrar seu efeito sobre a conduta patriarcal questionada por seus poemas. Épela fratura no discurso canônico que o eu lírico feminino abre vagas para a realização de sua memória, de sua subjetividade, isto é, de si.
PALAVRAS-CHAVE: Poesia brasileira – Astrid Cabral – Paródia – Infância – Violência
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Referências
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