O OLHAR POR DETRÁS DA MÁSCARA EM AS VISITAS DO DR. VALDEZ
Resumo
Esse artigo pretende analisar o romance As visitas do Dr. Valdez (2004), de João Paulo
Borges Coelho. Publicado no início dos anos 2000, o livro recebeu apenas um ano depois o Prémio José Craveirinha, fazendo com que o autor entrasse em uma seleta lista de autores promissores em Moçambique. Apesar de ter sido bem recebido pela crítica literária no seu país, no Brasil, a obra de João P. B. Coelho não é muito estudada pela crítica especializada ou conhecida pelo grande público. O nosso objeto de estudo é um romance que foca em um período de grande tensão em que as guerras de independência moçambicanas estão prestes a se iniciar. No livro, essa tensão é transportada do público para o privado, ao levar o leitor a acompanhar o relacionamento entre duas senhoras portuguesas – Sá Caetana e Sá Amélia – e o seu criado – Vicente. As senhoras representam no romance o colonizador que já não possui mais um lugar na nova dinâmica que se estabelece no país, enquanto Vicente é a nova geração que se levanta para conquistar a independência. É através da experiência enxergar pelos olhos de Valdez – um velho médico branco –, personagem que o rapaz representa por três vezes, e do olhar periférico da máscara ritualística de Mapiko, que a transformação acontece no jovem. Representando, assim, a transformação, não apenas dentro do pequeno apartamento onde as três personagens vivem, mas a revolução social que aconteceria em breve em Moçambique.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Contemporânea ; João Paulo Borges Coelho ; Olhar ; Crítica Social; Colonialismo
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Referências
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