OS OS TEXTOS, OS DESENHOS E A OUTRA MATA: COEXISTÊNCIA EM O LIVRO DAS ÁRVORES
THE TEXTS, THE DRAWINGS AND THE OTHER FOREST: RECIPROCITIES IN O LIVRO DAS ÁRVORES
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v13i27.16367Palavras-chave:
O livro das Árvores; povo Ticuna; outros-que-humanos; narrativa; desenho indígena., Le livre des arbres, pueblo Ticuna, autres que les humains, récit, dessin indigène.Resumo
Propõe-se uma leitura de O Livro das Árvores, do povo Ticuna (1997), a fim de demonstrar em que medida as narrativas, em conjunto com os desenhos presentes na obra em foco e os referentes externos que se relacionam com ela, proporcionam o conhecimento de relações recíprocas dos indígenas com os outros-que-humanos, ao mesmo tempo que conduzem sentidos estéticos inovadores, exigindo, assim, a modificação dos leitores não indígenas. A leitura dos textos e desenhos a partir de alguns trabalhos crítico-literários a respeito das narrativas, mitos e grafias indígenas, acrescida de referenciais fornecidos pelos estudos etnográficos acerca dos Ticuna, traça caminhos insuspeitados que promovem, para o leitor, o aprendizado de novas relações com as árvores, os animais, os espíritos e os ‘bichos’, descortinando uma outra mata, desconhecida ainda pelos leitores formados nas letras ocidentais. O protagonismo vegetal no mundo brota do texto incessantemente motivando a leitura que encontrará sujeitos animais e espirituais, assim como seus poderes e o modo como os usam ao viver. A experiência estética do leitor se dá junto com processo epistemológico, ambos oriundos da criatividade inovadora e dos conhecimentos tradicionais indígenas. O texto dialoga com trabalhos do campo dos estudos literários, de Maria Ines de Almeida e Sonia Queiróz (2004), e Amanda Machado Alves de Lima. Dialoga com estudos etnográficos de Priscila Faulhaber (2019, 2004), Edson T. Matarezio Filho (2019; 2017), Jussara Gruber (2003; 1994) e Eduardo Kohn (2013). E conversa pontualmente com o filósofo Emanuele Coccia (2018), cujo trabalho desvela novos sentidos do outro-que-humano que denominamos planta.
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