A POÉTICA PAISAGÍSTICA DE CORPOS DISSIDENTES EM QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA, DE CAROLINA MARIA DE JESUS
THE LANDSCAPE POETICS OF DISSIDENT BODIES IN QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA, BY CAROLINA MARIA DE JESUS
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v11i22.13926Palavras-chave:
Carolina Maria de Jesus; Quarto de despejo; Paisagem poética; Literatura de autoria feminina contemporânea; Corpos dissidentes.Resumo
A publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada [1960] revelou uma das figuras mais emblemáticas da literatura contemporânea brasileira, Carolina Maria de Jesus [1914-1977]. Ainda jovem, a futura escritora migra de Minas Gerais para a São Paulo da industrialização, passando a residir na comunidade do Canindé, em 1947. Sua obra, portanto, criada nesse contexto, é uma espécie de dissenso ao então processo de modernização higienista sobre corpos negros dissidentes. Isto posto, sob a perspectiva da construção imaginária das cidades na literatura, este trabalho busca analisar o “quarto de despejo”, de Maria de Jesus, com base na ideia de que o habitar perpassa diferentes jogos de poder e desigualdade que caracterizam a cultura urbana moderna. Procura-se explorar não somente as figurações da cidade, em específico da favela, mas analisar o fio discursivo que a autora cria como dobra, contração e resposta a um espaço-tempo que atravessa com um corpo-negro-feminino-dissidente, permeando, assim, não apenas as representações paisagísticas nas estruturas formais do texto, mas a relação entre a obra e o contexto de produção. Para tal, foi de suma importância o diálogo com teóricos que pensam a experiência fenomenologia do habitar como fonte de sentido, como Bachelard (2008), relações relativas à paisagem, como Collot (2013), e a modernidade como espaço de territorialização do corpo, como Sodré (2003).
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Referências
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