A MEMÓRIA DAS MÃOS”: FIGURAÇÕES DO FEMININO EM PENÉLOPE NA LÍRICA DE MÔNICA DE AQUINO (OU DESTECENDO O PERCURSO)
“A MEMÓRIA DAS MÃOS”: FIGURATIONS OF THE FEMININE IN PENELOPE IN THE LIRIC OF MÔNICA DE AQUINO (OR UNWEAVING THE ROUTE)
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v12i23.11682Palavras-chave:
Poesia brasileira; Mônica de Aquino; Fundo falso; Penélope; Feminino.Resumo
O presente artigo analisa algumas figurações do feminino na personagem clássica Penélope na lírica de Mônica de Aquino na seção “A memória das mãos”, de sua obra Fundo Falso (2018). O trabalho também investigou e discutiu o resgate do arquétipo das fiandeiras concernentes à imagem da personagem clássica retomada, bem como analisou as configurações poéticas, especialmente a construção da metáfora e seus sentidos na arquitetônica dos poemas da referida seção. Portanto, apoiamo-nos em diferentes perspectivas de fundamentação teórica: estudos da poesia (Paz, 1982; Pignatari, 2005; Cohen, 1974; Bloom, 2002); mitologia e construção do imaginário ocidental (Brandão, 2014; Jeager, 2013); teoria arquétipo e especialmente o das fiandeiras (Neto, 2018; Liborel, 1997; Mielietinski, 1987; 1998). As análises corroboraram a evidência de que a poeta se aproxima do cânone da qual se origina a personagem, a Odisseia de Homero, na medida em que resgata traços essenciais desse feminino, mas transgride a imagem clássica ao elencar características fruto dos fios do pensamento da autoria feminina e crítica contemporânea. Na lírica aquiniana, a imagem de Penélope desvela-se como um feminino aberto às manifestações da própria subjetividade e desejo. À vista disso, constatou-se também que Mônica de Aquino, como poeta contemporânea que aproveita o cânone em sua poesia, insere-se no que Bloom (2002) denomina de Tessera ou Completude e Antítese em sua teoria sobre a angústia da influência, e revisiona o mito como demonstra Ostriker (2022) em relação à escrita mais ginocêntrica
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Referências
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