DA SEMELHANÇA À DIFERENÇA: COMO SER AFETADO PELAS PALAVRAS DE UM XAMÃ YANOMAMI
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v10i20.11203Resumo
Neste artigo, confronto a proposta do xamã yanomami Davi Kopenawa de dar suas palavras aos brancos no livro A queda do céu com uma questão fundante da Teoria Literária: o que permite que sejamos afetados no contexto da recepção de um objeto estético? Retorno a alguns pressupostos da teoria aristotélica sobre a tragédia, perspectiva fundadora da estética no pensamento ocidental, para pensar as condições de produção da afetação a partir do exemplo paradigmático desse dispositivo estético. Ainda, para fazer um desdobre teórico da questão, tomo o caminho já aberto pelas reflexões da filósofa Judith Butler, em seu livro Quadros de Guerra, no sentido de refletir sobre como objetos estéticos podem produzir relações de alteridade e reconhecimento e qual o papel da literatura na produção do reconhecimento de uma vida passível de luto, da representação da vida enlutável e o efeito, em um sentido ético, que essa representação pode ter sobre quem lê. A ideia é ponderar como as condições de ser afetado e a construção do eu e do outro se articulam. Todas essas questões, como deverei apontar, são de maior interesse para se pensar os desafios à recepção e crítica da circulação do pensamento de Davi Kopenawa no campo da cultura letrada e entre os brancos, o qual, em minha hipótese, traz uma quebra em relação àqueles pressupostos.
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