MÓBILE-INVOCAÇÃO-VIAGEM: A LUZ DA PALAVRA O TRESPASSAVA, COMO A UM VITRAL
Resumo
Osman Lins creditou à observação dos vitrais uma de suas lições fundamentais: “examinar detidamente a degenerescência dessa arte”. Para ele, enquanto o vitral se resignava ao chumbo e ao vidro colorido, “esplendia com toda a sua força”. Compreendeu, assim, que a arte fulgura na limitação que a encerra, já que quando os vidros passaram a ser pintados transcorreram-se a degradação técnica e a facilitação no campo formal-expressivo. Além da dimensão metafórica no campo das expressões subjetivas e linguísticas irradiadas pelo vitral em conto igualmente titulado, e reunido em Os Gestos (1957), interessa-nos a (re)encenação de suas lembranças e a re(a)presentação da realidade de sua incursão ne Europa em 1961, dispostas no diário ficcional ensaístico Marinheiro de Primeira Viagem (1963), que, como uma espécie de vitral, projeta o feixe imaginação-memória trespassando o leitor com suas impressões digressivo-factuais-literárias, ao reter e refratar imagens e histórias tanto vividas quanto compostas, na rasurada dobra da rememoração. Nessa perspectiva, cabe, por parte de Didi-Huberman, a compreensão ontológica das imagens na superfície do visível, ante o que escapa ou aprisiona, “onde nada resta a ver, mas tudo a imaginar”.
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