O TETRAPHARMAKON: A TERAPIA DAS LEMBRANÇAS EM SÔBOLOS RIOS QUE VÃO, DE ANTÔNIO LOBO ANTUNES
Resumo
A obra Sôbolos rios que vão (2010), do romancista português António Lobo Antunes, traz como viés filosófico o tema da morte, mostrando que esta é uma realidade da qual ninguém escapará. Além do tom filosófico suscitado pelo tema, a dificuldade de fruição na leitura e aparente incompreensão da narrativa, foram a motivação que guiou o interesse em investigar os procedimentos adotados na linguagem, bem como as técnicas romanescas nela evidenciadas, posto que a obra esboroa os cânones literários até então estabelecidos. Por conta do elevado grau de experimentação com a linguagem, que não leva em conta a paragrafação, a pontuação, o emprego de iniciais maiúsculas, trama, narrador, tempo, espaço ou qualquer outro componente que integre as “receitas” do modo comportado de narrar, a obra é aqui apresentada como narrativa fantástica, nos moldes atuais, defendidos por Karin Volobuef, que afirma que o fantástico hoje se transportou para a linguagem. Essa hipótese, ancorada nas ideias de Mikhail Bakhtin, Roland Barthes, Martin Heidegger, Tzvetan Todorov e outros, apoia-se também em outras vozes mais atuais, dentre elas as das ensaístas e estudiosas da obra de Lobo Antunes, Ana Paula Arnaut, Professora Doutora da Universidade de Coimbra, e Maria Alzira Seixo, Professora Doutora da Universidade de Lisboa. As incursões feitas pelo narrador ao seu território de lembranças permeiam toda a obra, dada a tentativa deste em afastar-se da iminência da morte, sua real perspectiva diante do câncer que lhe infunde o medo da morte a cada instante. A constância destas reminiscências é, portanto, um dado a ser considerado, razão porque o presente artigo pretende analisar em que medida esse recurso funciona como pharmakon para o narrador, que ao rememorar arrasta consigo o leitor, promovendo assim uma reflexão sobre a vida e sobre a morte. Nesta análise, serão tomadas as opiniões de José Américo Pessanha, que discute a questão à luz do pensamento do filósofo grego Epicuro, cujas ideias se assentam no Tetrapharmakon, conjunto de máximas de sua autoria que nortearam toda a sua ética de vida.Downloads
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Como Citar
CASTRO, S. M. V. O TETRAPHARMAKON: A TERAPIA DAS LEMBRANÇAS EM SÔBOLOS RIOS QUE VÃO, DE ANTÔNIO LOBO ANTUNES. Revista Decifrar, Manaus, v. 2, n. 3, p. 152, 2014. Disponível em: //periodicos.ufam.edu.br/index.php/Decifrar/article/view/1044. Acesso em: 26 dez. 2024.
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ARTIGOS (DOSSIÊ)
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