CRÔNICA: A JAQUETA.
Resumo
A JAQUETA
De tanto assistir o motoqueiro fantasma e tantos outros filmes sobre motoqueiros, Johnny imaginava ser um desses personagens no futuro, mas nunca sequer teve uma moto. Acrobacias na bike ensaiando adrenalina, tão veloz a ver moscas volantes como átomos ao vento.
Chegou o dia do primeiro salário, correu direto para uma concessionária. Meses a fio pagando o consórcio, até o dia de tê-la nas mãos.
Andar em uma roda por cerca de 5 metros, empinar a magrela e num cavalo de pau rodopiar, não é para qualquer um. A vida exigia emoção das entregas do Ifood aos rachas, a mãe sempre tem razão, ela não sabia suas motivações, adrenalina, epinefrina, noradrenalina, todo seu mecanismo de defesa indo ao ataque.
Léo amigo de rolê, a jaqueta estilo Hells Angels não deixava dúvida, ele era o cara. Sumia às vezes, mas quando aparecia, sempre com uma máquina nova, zerada. Léo gostava tanto do Johnny que lhe deu a jaqueta predileta.
Capacete preto e jaqueta, numa avenida tranquila, Johnny leva um tiro nas costas, todos pensam ser uma bala perdida, ele não tinha inimigos. Johnny deixou um filho de cinco meses órfão de pai.
Léo pegou um voo para Buenos Aires.