Ana e o amor:
leitura fenomenológico-existencial de Clarice Lispector
Palavras-chave:
Percepção, Existencialismo, Fenomenologia, Clarice LispectorResumo
A fronteira entre a psicologia e a literatura é muito tênue. Ambas visam compreender como o ser humano se comporta no mundo e buscam conhecer melhor suas experiências e vivências. De um lado, temos uma ciência mais aprofundada que almeja entender os processos mentais, comportamentais e sócio interacionistas do ser humano. Do outro, temos a “arte das palavras”, definida por Aristóteles como mimese, ou seja, a arte que imita pela palavra. Logo, através da literatura podemos ver como uma determinada sociedade se comporta perante a determinado acontecimento e observar aspectos históricos com um grau maior de local de fala. A partir disso, este trabalho visa analisar a percepção da personagem Ana no conto Amor de Clarice Lispector. Especificamente buscando compreender sua visão de tempo, espaço, mundo e principalmente a de ser. Para tanto, estabeleceu-se, por meio da fenomenologia de Martin Heidegger, um retorno a diálogos filosóficos como o de Jean-Paul Sartre, a fim de buscar o sentido de ser e como a heroína do conto se vê diante disso. Conclui-se que o cotidiano é permeado por percepções que acrisolam e por situações que possibilitam reflexão sobre o existir e sua pluridimensionalidade.