SOBRE AS LIBERDADES “ONTOLÓGICA SARTRIANA” E “HISTORICIZADA NGOENHIANA”: POSSIBILIDADE DE UMA HISTORICIDADE ÉTICA DA HUMANIDADE
Resumo
Jean-Paul Sartre e Severino Elias Ngoenha são filósofos teóricos da liberdade a partir de épocas e circunstâncias diferentes. Sartre, a partir da situação vivida na segunda Guerra Mundial e dos sistemas filosóficos que relegaram o homem ao segundo plano, oprimindo a sua liberdade; Ngoenha, a partir da história da África escrava, colonizada e agora periférica. Sartre é ocidental, existencialista, perecido e não leu Ngoenha. Ngoenha é africano, vive entre nós e leu sobre os existencialistas, incluindo Sartre, os quais, entre outras influências, condicionaram o seu pensamento sobre liberdade. Este artigo analisa essencialmente a diferença explicativa entre a liberdade ontológica teorizada por Sartre e a liberdade historicizada teorizada por Ngoenha, com objectivo de saber se a liberdade se realiza mais (tem maior campo de manifestação) enquanto ontológica ou enquanto historicizada, ou melhor, se a liberdade é mais livre na existência ou na história. A acepção histórica de que cada liberdade é derivada; a forma como e o espaço onde cada liberdade se manifesta; e, por fim, a carga ética que essas liberdades implicam constituem as nossas referências de análise comparativa. A pertinência desta reflexão é mostrar que nenhuma abordagem sobre a liberdade, hoje, será dignamente moral e prática se não tiver em conta, ao mesmo tempo, a liberdade individual e a colectiva, que é o próprio da liberdade historicizada, se quisermos construir uma historicidade ética da humanidade a partir da liberdade.
Palavras-chave: Filosofia Africana, Historicidade Ética, (Co)responsabilidade.