A LIBERDADE SOCIAL NO NEOCOMUNITARIANISMO COMO DESAFIO DO ENSINO SUPERIOR
Resumo
Como o Ensino Superior contribuiria para a saída do individualismo actual para a reconstrução do comunitarianismo, próprio dos africanos e condição para a realização equilibrada das liberdades humanas? Esta é a questão animadora desta reflexão em que a hermenêutica da literatura e a deconstrução das metodologias do Ensino Superior quanto à sua possibilidade de forjar o espírito comunitário nos estudantes são os métodos escolhidos. Assumimos que o tipo de liberdade que interessa discutir, hoje-em-dia, é a liberdade social, ou seja, a capacidade e a oportunidade que o indivíduo tem, em relação à sociedade e em igualdade com os outros em sociedade, para satisfazer as suas necessidades. Mas, numa sociedade cada vez mais individualizada/neoliberal - como já o é a africana -, onde cada indivíduo/grupo procura satisfazer os próprios interesses sem ter em conta os dos outros, não podemos falar em liberdade social realizável. O neocomunitarianismo como espaço-proposta de realização da liberdade social se fundamenta em comunidades de existência e consolida-se por dupla responsabilidade: a individual (o “existir-para-o-outro”) e a colectiva (o papel dos governantes no Estado). Com o “existir-para-o-outro”, se calhar reporíamos, nas relações humanas, o amor pelo outro enquanto significa cuidar de alguém fazendo alguma coisa que possa tornar a sorte dele melhor. Mas não bastaria o “existir-para-o-outro”, sem um trabalho constante ao nível dos governantes e instituições do Estado de fazer ver aos cidadãos a importância do viver-juntos, na construção de um amanhã comum melhor. Como as instituições são materializadas por pessoas, espera-se que, no ensino superior, essas sejam capazes de concretizar expectativas. Os docentes estão incluídos nessa ideia.
Palavras-Chave: Ensino superior. Liberdade social. Neocomunitarianismo.