FRANCISCO DE VITÓRIA (1483 – 1546) E A UNIVERSIDADE DE SALAMANCA: A SIMBIÓTICA RELAÇÃO INSTITUIÇÃO-INDIVÍDUO COMO BASE PARA A JUSTIFICAÇÃO COLONIAL ESPANHOLA NAS AMÉRICAS
Resumo
O vínculo entre o frade dominicano Francisco de Vitória e a Universidade de Salamanca é bastante forte e investigado em muitas áreas (Filosofia, História, Economia e Direito). Tal relação, no entanto, ainda é pouco pesquisada sob o prisma investigativo das bases teológico-políticas dos processos de colonização espanhola nas Américas. Talvez por esse motivo, alguns nexos teóricos e relações subjacentes que possibilitam compreender melhor a formação do primeiro império moderno ainda se encontram pouco compreendidos. A metodologia da investigação realizada neste artigo é teórico-bibliográfica assentada nos estudos desenvolvidos pelo autor a partir de um percurso originado da relação entre Francisco de Vitória (1483-1546) e a Escola de Salamanca. Pelas problematizações realizadas, notou-se um grande vácuo teórico investigativo acerca de uma possível gênese teológico-filosófica de elementos conceituais que são base para toda a ocidentalidade. Isso foi notado pelas relações e pelas referências constantes do pensamento de Vitória ao pensamento tomasiano, grande pilar do pensamento cristão, além de utilizar o marco teórico da cristandade, na figura do Aquinate, para justificar e para legitimar muitos processos de dominação espanhola nos territórios americanos. A relação entre Salamanca e Vitória representa, em boa medida, um contexto de renovação da doutrina cristã na Espanha e de germinação de argumentos teológico-filosóficos e juspolíticos que legitimariam (mesmo quando contestatórios) a colonização hispânica nas Américas.
Palavras-chave: Vitória; Salamanca; colonização espanhola; teologia política; jusfilosofia medieval.