Educação profissional e tecnológica na Amazônia: para onde aponta o ensino, a pesquisa e a extensão em agroecologia
Resumo
O argumento central deste ensaio aponta a responsabilidade das equipes técnicas envolvidas com o ensino, a extensão e a pesquisa em agroecologia de somar-se aos debates sobre reformas curriculares, reformulação de processos seletivos de discentes e docentes, de projetos de desenvolvimento institucional, projetos pedagógicos de cursos e sobre normas de creditação de autoria de textos acadêmicos, entre outros, em uma interlocução com as diversas instâncias institucionais na rede federal. Saliento também a necessidade de um diálogo interno ao campo de estudos da agroecologia sobre uma perspectiva pluriepistêmica do conhecimento, capaz de tensionar e enriquecer as rotas, também coloniais, de institucionalização da agroecologia como formação profissional na Amazônia. Escrevo a partir da vivência com famílias agricultoras em assentamentos de reforma agrária no Vale do Rio Acre, que permeou meu trabalho como docente no Instituto Federal do Acre, desde 2010. Enfatizo sistemas ideacionais, dispositivos, operações sociotécnicas, práxis políticas e administrativas que sustentam a educação em agroecologia, inclusive em sua relação com o território, a partir de uma perspectiva racializada. O enfrentamento do racismo institucional e da supremacia de um saber singular, a atravessar relações e posicionalidades dinâmicas, deve ser o foco dos esforços intelectuais e políticos para qualificação das ações de ensino, pesquisa e extensão em agroecologia e para os processos de (trans)formação de novas subjetividades ambientais.
Palavras-chave: Acre, Agricultura familiar, Pluralidade Epistêmica, Racismo institucional, Socioambientalismo, Território.