Sentido de Vida e Autenticidade:
um olhar fenomenológico para o dependente químico
Palavras-chave:
Dependência química, fenomenologia, vida, compreensãoResumo
A dependência química transcende explicações biológicas e sociais, configurando-se como um fenômeno existencial marcado por sofrimento, vazio e perda de autenticidade. Sob a perspectiva fenomenológico-existencial, fundamentada em Martin Heidegger e Viktor Frankl, compreende-se que o ser humano, como Dasein, é um ser-no-mundo em busca de sentido e possibilidades autênticas. Para Heidegger, a autenticidade é alcançada quando o indivíduo assume suas próprias possibilidades de existir, enquanto Frankl destaca a busca por sentido como força motivadora para enfrentar adversidades, mesmo em situações extremas. Nesse contexto, a dependência química representa uma tentativa ilusória de escapar da angústia existencial e do vazio, perpetuando modos inautênticos de ser e alienação de si mesmo. Este artigo, por meio de uma revisão bibliográfica, analisa como os conceitos de autenticidade e sentido de vida podem ser resgatados no enfrentamento da dependência química. A abordagem busca integrar contribuições de Heidegger e Frankl, ampliando a compreensão do fenômeno e propondo práticas terapêuticas humanizadas que promovam o desvelamento do ser, a ressignificação do sofrimento e a reconstrução de um projeto existencial autêntico. Assim, propõe-se transcender abordagens clínicas restritas, evidenciando que a recuperação envolve não apenas a superação da dependência física, mas também a reintegração do indivíduo em sua totalidade, permitindo a reconexão com valores e significados que orientem uma vida mais plena e autêntica.