Um corpo que é meu, um corpo que é seu:
a vivência da bissexualidade de mulheres sob o viés Fenomenológico-existencial
Palavras-chave:
Bissexualidade, corporeidade, fenomenologia-existencialResumo
O movimento bissexual vem conquistando espaço resultante de reinvindicações de movimentos sociais que lutam constantemente na busca por visibilidade e direitos. Todavia, há estudos que revelam que pessoas bissexuais frequentemente enfrentam consequências comportamentais, clínicas e psicossociais oriundas do isolamento e marginalização, referentes à sua autodeclaração e vivência como pessoa bissexual, tanto por parte de indivíduos/comunidades heterossexuais quanto dos homossexuais. Esta pesquisa teve o intuito de compreender os sentidos e a pluridimensionalidade dos atravessamentos existenciais na vivência da bissexualidade nos discursos de mulheres sob a ótica da fenomenologia-existencial de Maurice Merleau-Ponty. Para tal finalidade, foi realizada a entrevista fenomenológica com 4 mulheres autodeclaradas bissexuais. Utilizou-se os princípios do Método Fenomenológico de Investigação em Psicologia de Amedeo Giorgi para análise e categorização das entrevistas, originando as seguintes temáticas: a) A percepção do eu, por mim, através do olhar para o outro; b) Invalidação, estigmas, estereótipos e o preconceito: a gênese da bifobia; e c) Bissexualidades e a representatividade na contemporaneidade: expressão e identificação. Conclui-se que tais atravessamentos destacam desde a gênese do sentimento, da dúvida à certeza de si e do seu próprio querer, até o perceber-se através do olhar próprio para o outro, proporcionando o sentir antes da compreensão do que viria ser o movimento dessa construção de sua identidade sexual.