LUTA DE CLASSES (LEXICAIS): ADJETIVOS VERSUS ADJETIVOS EM JAPONÊS E SEUS DOGMAS

Autores

  • Marcus Tanaka de Lira Universidade de Brasília (UnB)

Palavras-chave:

Adjetivos, Tipologia linguística, Língua japonesa

Resumo

Apesar de ser bastante comum dividir o léxico das diferentes línguas, não parece existir uma forma padrão de se fazer isso – várias propostas existem, inclusive dentro de uma mesma linha teórica, determinando o que pertence ou não a uma determinada categoria nas mais diferentes línguas. No caso da língua japonesa, o problema se dá devido ao fato de serem reconhecidas na língua uma ou duas categorias de adjetivo, sem existir um consenso sobre como lidar com a possibilidade de múltiplas categorias de uma mesma classe lexical. Foram analisadas então sete propostas (ANWARD, 2000; BAKER, 2004; CROFT, 2000; DIXON, 2010; GIL, 2000; HASPELMATH, 2010; WIERZBICKA, 2000) para ver o que as propostas tinham em comum que pudesse resolver o problema, e analisadas 59 línguas, junto do japonês, a fim de detectar quais são os tipos de características encontradas nas palavras descritas como “adjetivo” ou encontradas na função atributiva em línguas em que o autor não descreve uma classe de adjetivos. Os adjetivos foram então divididos sintáticamente em 4 grandes grupos (“Adjetivos-V” para adjetivos com características verbais, como ser núcleo de predicados intransitivos; “Adjetivos-N” para adjetivos com características nominais, como ser argumento verbal sem a necessidade de passar por processos de nominalização; “Adjetivos-M” para adjetivos com características mistas, podendo ser tanto núcleo de predicados intransitivos como argumentos verbais sem nominalização; e “Adjetivos-O”, que não possuíam nenhuma dessas características). A maioria das línguas (a língua japonesa entre elas) apresentou Adjetivos-V ou Adjetivos-N. Todas as línguas que apresentaram múltiplas categorias de adjetivo (mais uma vez com a língua japonesa fazendo parte da regra) também apresentaram uma característica de Adjetivo-O. Foram encontradas também correlações entre a ordem dos constituintes de uma língua e o tipo de adjetivo apresentado. Isso parece apontar para a necessidade de quebrar com quatro dogmas das propostas de classes lexicais: independência categórica, independência morfossintática, equivalência categórica e conservadorismo categórico.

Biografia do Autor

Marcus Tanaka de Lira, Universidade de Brasília (UnB)

Mestre e doutor em Lingüística pela Universidade de Brasília (2011 e 2015), atualmente professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília (LET-UnB). Tem experiência na área de lingüística, com ênfase em tipologia lingüística, atuando principalmente nos seguintes temas: línguas asiáticas, língua japonesa, classes lexicais, interface sintaxe-pragmática.

Referências

ANWARD, J. A Dynamic Model of Part-of-Speech Differentiation. In: VOGEL, P. M.; COMRIE, B. Approaches to the Typology of Word Classes. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000. p. 3-46.

BACKHOUSE, A. E. Inflected and Uninflected Adjectives in Japanese. In: DIXON, R. M. W.; AIKHENVALD, A. Y. Adjective Classes: A Cross-Linguistic Typology. Oxford: Oxford University Press, 2004. p. 50-73.

BAKER, M. C. Lexical Categories: Verbs, Nouns, And Adjectives. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2004.

CROFT, W. Parts of Speech as Language Universals and as Language-Particular Categories. In: VOGEL, P. M.; COMRIE, B. Approaches to the Typology of Word Classes. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000. p. 64-102.

DIXON, R. M. W. Basic Linguist Theory. Oxford, UK: Oxford University Press, v. 2: Grammatical Topics, 2010.

EVANS, N.; LEVINSON, S. C. The Myth of Language Universals: Language Diversity and Its Importance for Cognitive Science. Behavioral and Brain Sciences, v. 32, p. 429-492, 2009.

FERREIRA, M. V. D. L. Classes Lexicais e Gramaticalização: Um Levantamento em Línguas Geneticamente Não-Relacionadas. Brasília: Universidade de Brasília, 2016.

FLECK, L. La Génesis y el Desarrollo de un Hecho Científico. Madrid: Alianza Editorial, 1986.

GIL, D. Syntactic Categories, Cross-Linguistic Variation and Universal Grammar. In: VOGEL, M. P.; COMRIE, B. Approaches to the Typology of Word Classes. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000. p. 173-216.

HASPELMATH, M. Comparative Concepts and Descriptive Categories in Crosslinguistic Studies. Language, v. 86, n. 3, p. 663-687, set. 2010.

HOWARD, D. A. Einstein's Philosophy of Science. The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Winter 2015 Edition), 2015. Disponivel em: <http://plato.stanford.edu/archives/win2015/entries/einstein-philscience/>. Acesso em: 20 fev. 2016.

PEIRCE, C. S. How to Make Our Ideas Clear. In: TALISSE, R. B.; AIKIN, S. F. The Pragmatism Reader: From Peirce through the Present. Princeton University Press. ed. Princeton, New Jersey: [s.n.], 2011. p. 50-65.

VOGEL, P. M.; COMRIE, B. Approaches to the Typology of Word Classes. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000.

WEISBERG, M.; NEEDHAM, P.; HENDRY, R. Philosophy of Chemistry. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2011. Disponivel em: <http://plato.stanford.edu/archives/win2011/entries/chemistry/>. Acesso em: 22 fev. 2016.

WIERZBICKA, A. Lexical Prototypes as a Universal Basis for Cross-Linguistic Identification of "Parts of Speech". In: VOGEL, P. M.; COMRIE, B. Approaches to the Typology of Word Classes. Berlin: Mouton de Gruyter, 2000. p. 285-317.

Downloads

Publicado

2017-02-07