UM DIÁLOGO POÉTICO ENTRE O POEMA “O QUE HÁ EM MIM É SOBRETUDO CANSAÇO” DE ÁLVARO DE CAMPOS E O ROMANCE RETRATO DUM AMIGO ENQUANTO FALO DE EDUARDA DIONÍSIO
Resumo
Este artigo busca traçar um diálogo entre a poética de Álvaro de Campos, no que diz respeito à temática do cansaço, e o romance o Retrato dum amigo enquanto falo (ambientado desde a Ditadura Salazarista até o Pós-Revolução dos Cravos), de Eduarda Dionísio, com o objetivo de verificar a escrita como função social e estética, uma vez que nessa narrativa há uma personagem que escreve para alguém (amigo) um discurso pessoal sobre o seu ser e seu tempo, com um tom confessional (de uma carta), repleto de lirismo, focalizando a esfera privada e a pública. Por esta breve análise, observamos que Eduarda Dionísio faz de sua narrativa uma confissão particularizada, dando voz a uma personagem que vivenciou os períodos pré-revolucionário, revolucionário e pós-revolucionário. E ao tentar esboçar o retrato de seu amigo (namorado), acaba por retratar o seu país e sua nova cartografia que se desenha após a Revolução de Abril, com certo pessimismo assim como o heterônimo pessoano Álvaro de Campos, mas sem chegar a um final. Como a poesia, onde só o que lhe importa é o caminho, o tocar o outro, o dizer o não dito e que só os poetas tem coragem em dizer, o romance de Dionísio é uma fala na direção do outro, a alteridade, como se houvesse mãos na ponta das palavras para tocar o outro.
Palavras–Chave: Poesia de Álvaro de Campos; Romance contemporâneo; Literatura femininina; alteridade; Portugal
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