O CORPO EM ESCAPE DO CONCRETO: REFLEXÕES SOBRE O HORROR DA MULHER-MONSTRO “TOMIE”
THE BODY AS IT ESCAPES THE CONCRETE: REFLECTIONS ON THE HORROR OF THE MONSTROUS-WOMAN “TOMIE”
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v12i24.17201Palavras-chave:
horror cósmico, ficção estranha, mulher-monstro, feminicídio, abjeçãoResumo
Este artigo analisa a obra Tomie (2016), de Junji Ito, sob uma perspectiva feminista, explorando a representação da personagem Tomie enquanto mulher-monstro. A narrativa de Tomie gira em torno de sua regeneração infinita após ser esquartejada, geralmente por homens que a desejam, criando novas versões de si mesma. A análise reflete sobre como essa característica subverte a noção de vulnerabilidade – uma vez que, apesar de "imortal", Tomie ainda sente dor e está sujeita à violência contínua, colocando-a em um limiar entre a agência e a passividade – e os processos de identificação tradicionais do terror ao narrar a história pela perspectiva do algoz (que esquarteja) e caracterizá-lo como vítima. Com base em teóricas como Julia Kristeva, Judith Butler e Barbara Creed, o texto problematiza as dicotomias tradicionais – como vítima/vilão, humano/monstro – e argumenta que Tomie é uma figura abjeta que desafia normas de gênero e identidade. Sua monstruosidade, assim como o fascínio que inspira, estão ligados à sua recusa em se conformar a papéis sociais fixos e sua capacidade de escapar das limitações impostas ao corpo feminino. Sua existência múltipla e indefinida desafia a materialidade e simboliza um "escape do concreto", tanto literal quanto metaforicamente.
Downloads
Referências
AHMED, Sara. Queer Phenomenology: Orientations, Objects, Others. Durham: Duke University Press, 2006.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica. In: CAPISTRANO, Tadeu (Org.). Benjamin e a obra de arte: técnica, imagem, percepção. Tradução: Marijane Lisboa e Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. p. 9-40.
BUTLER, Judith. Corpos Que Importam: Os limites discursivos do “sexo”. São Paulo: N-1 edições, 2019.
CAVARERO, Adriana. Horrorism - Naming Contemporary Violence. Nova Iorque: Columbia University Press, 2008.
CREED, Barbara. The Monstrous-Feminine: Film, Feminism, Psychoanalysis. Popular Fiction Series. 7. ed. Nova Iorque: Routledge, 1993.
DUMAS, Raechel. The Monstrous-Feminine in Contemporary Japanese Popular Culture. East Asian Popular Culture. Londres: Palgrave Macmillan, 2018.
FRYE, Mitch. The Refinement of ‘Crude Allegory’: Eugenic Themes and Genotypic Horror in the Weird Fiction of H.P. Lovecraft. Journal of the Fantastic in the Arts, [Pocatello], vol. 17, no. 3 (67), p. 237–54, 2006. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/26390171>. Acesso em: 16 Jan. 2024.
HUTCHEON, Linda. The politics of postmodernism. London: Routledge, 1989.
ITO, Junji. Ito Junji interview featuring the developer of WORLD OF HORROR – Ito talks H.P. Lovecraft, adaptations and future work. Automaton, 15. de nov. de 2023. Disponível em: <https://automaton-media.com/en/interviews/20231115-22359/>. Acesso em: 16. Jan. 2024.
ITO, Junji. An Interview With Master of Horror Manga Junji Ito (Full Length Version). Grape Japan, 2019. Disponível em: < https://grapee.jp/en/116016>. Acesso em 21 de out. de 2023.
ITO, Junji. Tomie: Complete Deluxe Edition. Los Angeles: Viz Media, 2016.
KRISTEVA, Julia. Approaching Abjection. In: Powers of Horror – an Essay on Abjection. New York: Columbia University Press, 1982. p. 1-31.
LOVECRAFT, Howard Philips. Supernatural Horror In Literature. Nova Iorque: Dover, 1973.
MONTEIRO, M. C. Unsex-me, ou um gênero limitado demais para mim. Juiz de Fora: Ipotesi, 2020. p. 152-164
OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ. The invention of women: making an African sense of Western gender discourses. 3ed. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1997.
PIGLIA, Ricardo. Laboratório do escritor. Tradução: Josely Vianna Baptista. São Paulo: Iluminuras, 1994.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Isabella Morelli Esteves

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todos os artigos desta revista obedecem a licença Creative Commons - Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).