VIRILIDADE E VIOLÊNCIA: A RELAÇÃO DE PODER PRESENTE NOS CARMINA CATULLI XVI E XXI
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v11i21-B.13829Resumo
Este artigo tenciona, em linhas gerais, apresentar uma discussão a respeito dos conceitos de gênero, masculinidade, relações de poder e violência presentes na lírica de Catulo, um dos célebres nomes do cânone literário da Roma antiga. Ademais, essa pesquisa terá como objeto de estudo os carmina XVI e XXI que trazem as temáticas aqui pautadas. Além disso, proporemos mostrar, através do texto literário, como a sociedade romana estruturava-se em relação à concepção de virilidade que acarretava uma relação de poder diante da posição de passividade que mulheres, escravos e jovens eram submetidos. Para tanto, esse estudo estabelece pontos de interseções com as teorias de Butler (2017) e Foucault (2014) que visam a discutir acerca dos conceitos de gênero e como ele mantem-se nos comportamentos sociais. Outrossim, Puccini-Delbey (2017) e Williams (1999) darão suporte para como essa sociedade antiga enxergava a virilidade e como aplicava-se no corpus social. Ademais, busca-se, também, discutir como as relações de poder, derivadas da masculinidade hegemônica, ditam regras e corroboram para a construção de um status coletivo permeado pela violência física e simbólica, conforme postula Bourdieu (2012). Por fim, o presente estudo divide-se em duas seções: a primeira refere-se a uma breve introdução acerca dos conceitos de gênero e masculinidade, mas também da concepção sobre violência interligada a virilidade romana; a segunda traz as análises dos carmina XVI e XXI sob a égide dos comportamentos os quais envolviam a masculinidade e a violência em que o falo era o principal instrumento de punições que aqueles que estavam abaixo da masculinidade sofriam.
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