UTOPIA EM CRÍTICA: ANGOLA ENTRE MAYOMBE E PREDADORES, DE PEPETELA
Resumo
O artigo tem como foco analisar os sentidos de utopia e distopia mobilizados nos romances Mayombe (2013) e Predadores (2014), do autor angolano Pepetela. Escrito em plena luta contra o domínio colonial português, Mayombe apresenta a utopia como um balizador para se pensar a nação angolana em formação. No momento de sua escrita, em 1971, as expectativas sobre a Independência norteavam as relações sociais, bem como as visões de futuro: um mundo sem fronteiras. O giro distópico que acontece em Predadores, publicado em 2005, decorre, em boa medida, dos próprios limites da estruturação do poder em Angola no pós-Independência (1975) e do ceticismo em relação ao que se transformou o Movimento Popular de Libertação de Angola – MPLA. Se em Mayombe o espaço é concebido como lugar para o livre fluxo da imaginação, em Predadores o espaço tende a ser controlado pela lógica do necropoder, uma síntese do paradoxo pós-colonial. No entanto, os vínculos de solidariedade que se formam nas frestas do poder continuam a dar vigor, ainda que de forma frágil, à utopia de uma vida digna e fraterna. Pepetela afirma assim seu compromisso em continuar significando a história de Angola.
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