UM PUXIRUM DE RESISTÊNCIA: A ALEGORIA NA FESTA DO PÁSSARO PAVÃO MISTERIOSO NO MOCAMBO DO ARARI - PARINTINS
Resumo
O presente texto procurou problematizar as experiências de resistência em defesa da festa dos Cordões de Pássaros, realizada na agrovila do Mocambo do Arari, no município de Parintins/AM. Os cordões de pássaros Jaçanã e Pavão Misterioso, se apresentavam no calendário festivo de São João. Após longo período de interrupção, entre contradições e disputas locais, em 2004 os moradores organizam o primeiro Festival Folclórico do Mocambo do Arari, com a apresentação dos cordões, quadrilhas e bois. Contudo, devido a outros interesses sociais, aos poucos a brincadeira dos bois ganha espaço e secundariza a festa dos pássaros. Ainda outra vez, os brincantes, individual ou organizadamente, se articulam em táticas de resistência pela continuidade daquela cultura. Nessa perspectiva, buscou-se neste estudo refletir sobre a produção de uma memória contra-hegemônica na região, revalorizando outras narrativas daquela experiência. Coerente com a proposta, foi escolhido um narrador cuja trajetória de vida de um artesão negro, construtor das alegorias do Pavão Misterioso, evidencia as práticas sociais de sujeitos históricos que lutam contra a discriminação e o ocultamento social dos seus fazeres culturais. Para tanto, o apoio da metodologia da história oral foi indispensável como meio de evidenciar a história de trabalhadores que frequentemente têm suas memórias silenciadas, esquecidas ou excluídas, e que por meio dos “cordões de pássaros” resistem pelo direito à memória e à cidadania.
Palavras-Chave: Cordões de Pássaros, Mocambo do Arari, memória, resistência, História Oral.