IMPACTO DA GRAVIDEZ PRECOCE SOBRE OS RESULTADOS EDUCATIVOS E SOCIECONOMICOS DE ADOLESCENTES MOÇAMBICANAS

RESGATAR O PASSADO E PERSPECTIVAR O FUTURO

Autores

  • Brígida D´'Oliveira Singo Universidade Pedagógica de Moçambique

Palavras-chave:

Gravidez na adolescência, Educação, Mercado de trabalho e Pobreza

Resumo

A gravidez na adolescência é um fenômeno complexo, associado a inúmeros factores
educacionais, económicos, sociais e comportamentais. Muitos estudos realizados em outros países
preocupam-se em apresentar a forte associação entre a idade em que a rapariga tem seu primeiro filho e
indicadores educacionais, sociais e económicos relativos aos seus resultados futuros. Na maioria destes
estudos, encontram-se evidências de que a gravidez precoce não só prejudica o desempenho escolar, mas
também dificulta a inserção das jovens mães ou mães-precoce no mercado de trabalho. Este fenómeno ou
facto, tem sido considerado, muita das vezes, como uma desvantagem socio-económica associada ao círculo
vicioso da pobreza e do aumento das desigualdades de gênero no mercado de trabalho dos paises em vias
do desenvolvimento e não necessariamente relacionada à potencialização educacional e comportamental
das mães-precoce. O objectivo dessa pesquisa é analisar o impacto da gravidez precoce sobre os resultados
educacionais, económicos, sociais e comportamentais das adolescentes moçambicanas. Em 2010, o número
de adolescentes no mundo era estimado em 1 bilião e duzentos milhões, perfazendo cerca de 18% da
população mundial. A maior parte desses adolescentes, ou seja, 88%, vive nos países em vias do
desenvolvimento e um desses países é Moçambique que, a nível da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC), continua a ser aquele que tem a mais elevada taxa de gravidezes na adolescência.
Segundo dados oficiais relativos a um inquérito feito em 2011, mais de 42% das jovens moçambicanas
declararam ter tido um filho antes dos 18 anos e cerca de 8% antes dos 15 anos, portanto, o problema da
gravidez precoce em Moçambique atinge proprções alarmantes. Esses dados remete-nos a estimativa de
que há uma redução em 42% da probabilidade de frequentar a escola e em 89% da probabilidade da
adolescente possuir pelo menos o Ensino Primário completo. Na mesma análise foram encontradas
evidências de que a presença de filho também reduz as chances da jovem mãe participar efectivamente no
mercado de trabalho. A manter-se a actual prevalência de gravidezes prematuras, o país terá cerca de 730
mil raparigas mães, menores de 18 anos, em 2030, uma situação que preocupa muito não só ao Governo
moçambicano, mas também ao Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP). Para a representante
do FNUAP em Moçambique, Bettina Maas, quando uma rapariga fica grávida, o seu presente e o seu futuro
mudam radicalmente. Os resultados obtidos mostram evidências de que a gravidez precoce trás impactos
negativos significativos sobre o desenvolvimento educacional da adolescente. A medida que a
probabilidade de abandono escolar aumenta, as oportunidades de emprego dominuem, a saúde da adolescente fica em risco e agrava-se a sua vulnerabilidade à pobreza, exclusão e dependência. Esta é a
realidade a que quase metade das adolescentes moçambicanas estão expostas, especialmente aquelas que
residem nas áreas rurais (vila-sede e localidade de macanda, distrito de Marracuene), as menos
escolarizadas e de famílias de baixo nível económico.

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Publicado

2018-08-13